“Adeus, Ariston?” – O dia em que o Festival de Sanremo ameaçou trocar a Riviera por um “road show” à italiana

Se há algo quase tão certo como a pizza à sexta-feira, é o Festival de Sanremo em fevereiro. Mas, segundo os bastidores revelados pelo Messaggero, a RAI anda a ponderar fazer as malas em 2027 e transformar o evento num carrossel costeiro que passaria por SorrentoViareggio ou até Rimini (com Turim a lançar charme urbano lá no fundo). Depois de 75 anos de paixão à beira-mar, o casamento entre a televisão pública italiana e a Cidade das Flores pode estar à beira de pedir “pausa matrimonial”.

Porquê mexer num ícone? Siga o dinheiro, o pó de tijolo… e o ego

  • Fatura inflacionada – A câmara de Sanremo decidiu subir a renda anual para uns robustos 6,5 milhões de euros(fora a fatia nas receitas publicitárias para obras na cidade).
  • Infraestruturas vintage – O soberbo Teatro Ariston, tão charmoso quanto apertado: a cada ano é um Tetris de LED, câmaras e vestidos com cauda.
  • Logística para cardíacos – Hotéis esgotados 12 meses antes, Wi-Fi que vai a banhos e jornalistas a disputar tomadas como se fosse Euro 2004.

O casting das novas praias

CandidataPontos fortesPontos fracos
SorrentoPanorâmicas de postal, limoncello a metroAcesso aeroportuário digno de rally
ViareggioDNA carnavalesco e histórico (edições 1948-49)Precisa de ampliação hoteleira
RiminiNoitadas XXL, camas q.b.Risco de vibe “Ibiza Adriático” demais
TurimInalpi Arena testada na Eurovisão 2022Sem mar, mas com metro (e gianduia)

Discográficas ao rubro: cachês & ultimatos

As editoras já avisaram: se a RAI não engordar subsídios e ajudas de custo, há boicote no horizonte. Um Sanremo sem super-estrelas seria como carbonara com natas – tecnicamente comestível, mas moralmente duvidoso. A RAI responde acenando com arenas maiores, camarins climatizados e a ameaça velada: “Levo o palco para quem me tratar melhor.”

Rebranding à vista: Festival da Canção Italiana… on tour?

Para evitar beijinhos à força entre Sanremo e a RAI, circula a ideia de um formato rotativo bienal. Resultado: manter o selo “Festival da Canção Italiana”, mas com código-postal flexível. Pode chocar os puristas, mas abre um filão turístico às regiões que apostarem forte (há presidentes de câmara já a contar quantos palcos cabem no calçadão).

Vale a pena trocar tradição por conveniência?

Prós – Mais lugares sentados, backstages moderninhos, comboios de alta velocidade em vez de curvas costeiras.
Contras – Perder o romantismo de ver a mesma plateia há sete décadas, arriscar um hashtag #Sorrento2027 que não soa tão doce quanto #Sanremo.

Podemos lamentar a saída da Ligúria, mas o génio do Festival é maior que o CEP. Se o espetáculo mudar de cenário e ganhar fibra óptica decente, talvez até o velho Ariston bata palmas à distância. Até lá, apertem os cintos, aqueçam o prosecco e preparem-se: o verdadeiro plot twist pode chegar quando percebermos que Sanremo, afinal, sempre foi mais verbo que lugar.

Fonte: Il Messaggero- Davide Maggio

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