Sanremo pode ficar sem Festival? A RAI lança o aviso: ou há hotel, ou há adeus!
Enquanto muitos italianos já contam os dias até à próxima edição do Festival de Sanremo, nos bastidores vive-se um thriller que nem Pippo Baudo conseguiria escrever. A RAI reuniu-se recentemente com a Câmara Municipal de Sanremo e deixou um recado claro como água da Ligúria: ou há condições, ou o Festival muda de morada.
Apesar das tentativas de “acalmia” lançadas pela autarquia, as relações com a televisão pública italiana continuam mais tensas que uma final do Festival entre Mahmood e Blanco. O ponto da discórdia? Logística, alojamento, infraestruturas… e um certo Palafestival que continua tão invisível como o regresso da Laura Pausini ao certame.
Um ultimato com sotaque romano
Giampaolo Rossi, administrador da RAI, e Enzo Mazza, CEO da FIMI (Federação da Indústria Musical Italiana), encontraram-se e, com um ar de quem já perdeu a paciência, deixaram claro que a responsabilidade é partilhada. A FIMI exige que Sanremo assuma os custos — económicos e logísticos — de um evento que rende milhões, mas cuja fatura é paga quase na totalidade pela RAI.
Aliás, os custos com os hotéis já obrigam a organização a instalar equipas inteiras… em Nice, com o respetivo caos de transportes que isso implica. Curiosamente, enquanto a cidade recebe lucros indiretos colossais, nunca se chegou à frente para investir um cêntimo na infraestrutura. Justo, não?
Palafestival: o mito urbano de Sanremo
Entre 1995 e 2008, havia um plano: construir o tal Palafestival, uma sala à altura de um evento com ambições eurovisivas. O plano morreu lentamente, soterrado entre promessas não cumpridas e o confortável hábito de «deixa andar que se faz». Resultado? Continuamos com o querido mas exíguo Teatro Ariston, onde nem os penteados da Orietta Berti cabem sem bater no teto.
Setembro ou nunca
A RAI deu prazo até ao final de agosto. Se até lá não houver um acordo claro — com descontos em hotéis, melhorias logísticas e compromissos reais — o Festival de Sanremo 2026 poderá ser… em outro lugar. Sim, outro lugar. A capital da canção italiana poderá perder o seu maior tesouro. E depois não vale chorar em dó maior.
Fonte: Affari Italiani
