Sanremo mantém o Festival… mas agora vai ter de abrir a carteira

Durante meses, parecia una novela da SIC: a RAI ameaçava levar o Festival de Sanremo para outra cidade, e o município fazia cara de “não me importo”. Só que, quando começaram a circular nomes como Roma, Nápoles, Turim e até Rimini como novos anfitriões, Sanremo percebeu que a música podia, literalmente, mudar de palco. E não seria bonito para a Riviera perder o evento que, todos os anos, transforma a cidade num misto de desfile de moda, feira de vaidades e maratona televisiva.
Segundo informações avançadas pelo Messaggero, o município decidiu baixar a crista e aceitar algo que antes parecia impensável: pagar parte da festa. E não estamos a falar só de pendurar umas luzinhas ou de oferecer um brinde aos artistas. O acordo em cima da mesa implica que a autarquia assuma as despesas de alojamento e alimentação de músicos, técnicos e afins — custos que, até agora, eram suportados exclusivamente pela televisão pública. Em bom português: se queres a música, pagas a conta.
Da guerra fria ao “vamos conversar”
A reviravolta aconteceu depois de meses de braço de ferro. A câmara municipal exigia coisas que a Rai considerava exageradas, como a posse da marca “Sanremo” ou uma percentagem dos lucros publicitários. A resposta da televisão foi clara: “Se é assim, vamos cantar para outra freguesia.” E cidades como Roma já tinham o tapete vermelho estendido no Auditório Parco della Musica, enquanto outras afiavam planos para roubar o protagonismo à capital da canção italiana.
Perante a ameaça, o presidente da câmara Alessandro Mager e o vereador do Turismo Alessandro Sindoni meteram-se num avião rumo a Roma para se sentarem à mesa com o CEO da Rai Giampaolo Rossi. O encontro foi descrito como “positivo” por ambos os lados, o que, em linguagem política, significa que ainda falta muito chá para a conversa acabar… mas já se serve com um sorriso.
Rai quer dividir não só aplausos, mas também despesas
Ainda não há assinatura no papel, mas as negociações parecem afinadas. A Rai deixou claro que, se Sanremo quer continuar a ser a “casa da música italiana”, terá de partilhar não só os holofotes, mas também as faturas. A emissora não quer continuar a suportar sozinha todos os encargos, especialmente numa altura em que as editoras discográficas pedem melhores condições para artistas e equipas.
Conclusão: tudo indica que o Festival vai continuar à beira-mar da Ligúria. Só que, desta vez, com a autarquia a pagar parte do banquete. E, convenhamos, se a conta vier com sobremesa e canções, ninguém se importa muito.
Fonte: Il messaggero