Do coração da estepe para o palco europeu: o Cazaquistão prepara cartada para entrar na Eurovisão 2026

Se pensa que a Eurovisão já viu de tudo, prepare-se: o Cazaquistão está a alinhar a dombyra, a aquecer as cordas vocais e—mais importante— a sacudir a poeira burocrática para estrear-se em 2026. A notícia saltou da própria Khabar Agency, cujo presidente, Kemelbek Oishybayev, aproveitou a última Assembleia-Geral da União Europeia de Radiodifusão (UER), em Londres, para sugerir que a Europa está pronta para uma pitada de pop binómio estepe-electrónica.

Café na BBC, piscadela à UER

Oishybayev não perdeu tempo: selfie no átrio da BBC, conversa afável com Noel Curran (director-geral da UER) e um recado claro—o Cazaquistão quer o convite formal do Grupo de Referência do festival. Curran acenou, prometeu “discussão aprofundada” na próxima reunião e deixou meio mundo eurofã a salivar. Traduzindo do diplomatês: nada é garantido, mas já ninguém finge que é impossível.

“Ah, mas o Cazaquistão não é Europa!”—Pois, a Austrália também não

Desde que a Austrália se juntou às festividades em 2015, a geografia na Eurovisão tornou-se mais flexível que um refrão de schlager sueco. O Cazaquistão, membro-associado da UER desde 2015, transmite o concurso há anos e colecciona resultados invejáveis no Eurovisão Júnior: dois segundos lugares e um histórico de baladas épicas que deixariam muito veterano corado. Se os aussies cabem, por que não caberia Astana?

Obstáculos: dos bolsos à audiência

  • Convite oficial – Sem selo do Grupo de Referência, não há palco nem pirotecnia.
  • Tesouraria – Produzir uma candidatura competitiva custa tanto como iluminar metade da Steppe com LED.
  • Audiências – Khabar deixou de emitir o festival em 2022: custo alto, share baixo. Voltar implica convencer anunciantes (e espectadores) de que isto agora é a sério.

O que o Cazaquistão traz para a festa?

Imagine um verso em cazaque, ponte em inglês, refrão agudo acompanhado de dombyra com batida EDM, tudo servido num vestuário entre a Rota da Seda e a passerelle do Melodifestivalen. Isto sim é diversidade—e uma mina de memes para o TikTok em Lisboa e companhia.

Porque é que a UER pode ganhar com esta jogada?

  1. Audiências frescas na Ásia Central.
  2. Narrativa de inclusão que rende bons títulos de imprensa.
  3. Novos patrocinadores ansiosos por colar o logótipo em mais um território.

Ainda faltam convites, carimbos e várias reuniões que farão inveja a qualquer assembleia de condomínio. Porém, se a luz verde chegar, prepare-se para aprender a pronunciar «Qazaqstan» antes de gritar “douze points!”. Afinal, como diria um bom português perante mais esta expansão eurovisiva: venha ela, que lugar no sofá arranja-se sempre.

Fonte: Eurovoix

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